Inferno, 25 de Novembro de 1516
Querido Dom Francisco,
Como sabes, morri mas nunca pensei que fosse parar ao Inferno! Eu?! Um nobre com tanta missa rezada!!! Ainda estou indignado com o meu destino, nunca pensei que isso me pudesse acontecer!
Bem estou a escrever-te porque não quero que tenhas um final como o meu. Nós pensamos que por sermos nobres, termos dinheiro, levarmos uma vida de luxo e prazer e sermos confessados, temos um lugar no paraíso, mas a verdade não é essa. Ainda estás a tempo de mudar!
Tens uma mulher que tens que cuidar, por isso aconselho-te a deixar a tua amante que só te vai trazer desgosto! Cada missa a que fores, reza com honestidade! Não te aproveites dos outros e leva uma vida pura, como nunca levaste. Ao longo da nossa vida sempre abusámos dos mais fracos, a quem sempre demos desprezo e tratámos como criados. Hoje, aconselho-te a dar-lhes esmola e a olhares por eles, pois ao fim e ao cabo são seres desprotegidos e sem cuidados!
Se queres que te diga, estou bastante arrependido de tudo aquilo que fiz na vida. Se não tivesse abusado e explorado tanto dos mais fracos e não tivesse sido tão arrogante e tão presunçoso, teria um lugar no paraíso, espero que ainda consigas um!
Do teu fiel amigo,
Dom Anrique
Gabriela Penas, 9.º D
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