domingo, 16 de outubro de 2011

Carta a Dom Francisco, amigo do Fidalgo do Auto da Barca do Inferno


                                                                                    Inferno, 25 de Novembro de 1516
Querido Dom Francisco,

    Como sabes, morri mas nunca pensei que fosse parar ao Inferno! Eu?! Um nobre com tanta missa rezada!!! Ainda estou indignado com o meu destino, nunca pensei que isso me pudesse acontecer!
Bem estou a escrever-te porque não quero que tenhas um final como o meu. Nós pensamos que por sermos nobres, termos dinheiro, levarmos uma vida de luxo e prazer e sermos confessados, temos um lugar no paraíso, mas a verdade não é essa. Ainda estás a tempo de mudar!
    Tens uma mulher que tens que cuidar, por isso aconselho-te a deixar a tua amante que só te vai trazer desgosto! Cada missa a que fores, reza com honestidade! Não te aproveites dos outros e leva uma vida pura, como nunca levaste. Ao longo da nossa vida sempre abusámos dos mais fracos, a quem sempre demos desprezo e tratámos como criados. Hoje, aconselho-te a dar-lhes esmola e a olhares por eles, pois ao fim e ao cabo são seres desprotegidos e sem cuidados!
    Se queres que te diga, estou bastante arrependido de tudo aquilo que fiz na vida. Se não tivesse abusado e explorado tanto dos mais fracos e não tivesse sido tão arrogante e tão presunçoso, teria um lugar no paraíso, espero que ainda consigas um!

Do teu fiel amigo,
Dom Anrique

Gabriela Penas, 9.º D

Sem comentários:

Enviar um comentário